Abrigo de Araricá interditado inicia processo de esvaziamento

Interdição cautelar | Local que abrigava cerca de 46 pessoas encaminha internos para casas de familiares e cidades de origem

Araricá – Com a interdição cautelar do Centro de Reintegração Social Aguilhões de Cristo, os responsáveis deram início aos trâmites necessários para o esvaziamento do local. Nesta quinta-feira (6), a direção da instituição apresentará na Promotoria do Ministério Público de Sapiranga e na Prefeitura de Araricá um documento com todos os procedimentos técnicos que os administradores tomarão para encerrar as atividades do Aguilhões de Cristo.

O diretor responsável pelo local, pastor Adão Carlos Pereira, conta que depois de quase dez anos prestando auxílio para famílias desamparadas e, muitas vezes, sem estrutura para auxiliar pessoas esquizofrênicas ou com problemas emocionais, sua missão pode estar chegando ao fim. “Tenho toda uma história por trás da instituição. Fui comissionado por Deus para amparar as famílias que não possuem um local adequado para deixar os internos”, destaca Pereira.

Com o fechamento do abrigo O Bom Samaritano, de Campo Bom, o Aguilhões de Cristo recebeu 30 ex-internos, elevando para 46 o número total de pessoas atendidas em Araricá. “Temos pessoas aqui que não sabem onde estão os familiares e nós concedemos uma ajuda e um apoio para eles. Estes internos recebem acompanhamento técnico e profissional dos cuidadores de idosos, uma nutricionista que elabora o cardápio diariamente, uma terapeuta ocupacional e um médico”, cita Pereira. No centro há o acompanhamento médico integral aos internos (24 horas), através de serviços disponibilizados on line. Porém, caso haja necessidade da presença física do médico, este se desloca para dar atendimento, além dos horários previstos.

Uma das dificuldades encontradas pelo Aguilhões de Cristo nas últimas semanas ocorreu durante os temporais de julho. Na época, parte da área da instituição ficou alagada em razão do transbordamento de um córrego que passa próximo da propriedade. “Pedimos o auxílio do Corpo de Bombeiros de Sapiranga, mas não nos auxiliaram. Tivemos que agir por conta própria”, revela o pastor Adão Carlos Pereira. Adequações na estrutura do Centro foram providenciadas pela direção nos últimos meses. “Fizemos a desratização dos espaços, limpamos as caixas d’água e ampliamos os prédios, com a construção de uma área para a fruteira e um vestiário com chuveiro e banheiros”, explica Adão.

Legislação obedecida

Para atender à legislação vigente, no início de 2015 o Centro alterou o estatuto e passou a se chamar de Residencial Terapêutico. “Tínhamos ex-dependentes químicos. A maioria saiu, outros fizeram cursos e se tornaram colaboradores. Antes, passaram por cursos de capacitação para trabalhar com pessoas especiais. Estes internos aprenderam técnicas de como cuidar destas pessoas com problemas psiquiátricos”, destaca Pereira.

Atualmente, os 46 internos estão divididos em sete apartamentos, todos com banheiros. “Realmente, tínhamos alguns itens que estavam insalubres. O Centro possui dez banheiros, todos funcionando”, assegura Pereira. Sobre a questão do alvará, o pastor destaca que o documento é permanente e permite que sua instituição receba até 45 pessoas.

Medicamentos controlados

Todos os 46 pacientes do Centro possuem acompanhamento de uma equipe técnica, que receita os medicamentos necessários aos internos. “Não faltaram medicamentos a ninguém. Nossa farmácia possui anotado cada medicamento que os pacientes precisam. Tudo é feito de forma correta” cita Adão.

Abrigo com salários em dia e situação financeira

Em meio à manifestação que ocorreu em Araricá há cerca de duas semanas atrás, circulou uma informação de que salários de colaboradores estariam atrasados. “Isso não procede. Estamos em dia com todos os funcionários. Sobre os cartões bancários dos internos, das 46 pessoas que estão conosco, apenas sete possuem cartões. A maioria destas pessoas estão com os cartões bloqueados. Outra parte dos internos, os parentes pagam a mensalidade diretamente na instituição”, revela. O pastor reforça ainda que toda a contabilidade do Centro está à disposição do Ministério Público, caso considerem necessário investigar alguma situação.

Ampliações atenderam solicitações da Prefeitura

Apontamentos feitos pela Vigilância Sanitária da Prefeitura de Araricá mostraram a necessidade de adequações em dois ambientes do Centro: um na fruteira, onde ficam parte dos alimentos e outro nos vestiários, espaço utilizado pelos internos após os momentos de lazer e recreação no campo de futebol existente na área do Centro. “Estas obras atenderam aos pedidos da Prefeitura. Sempre que nos solicitaram adequações, procuramos providenciar rapidamente”, assegura o pastor.