“A Sofia era amor, ela plantou o amor em muitos corações; foram muitas orações voltadas a nós”

Michele e Silvonei ao lado da filha Sofia durante passeio em família (Foto: Arquivo pessoal)

Sapiranga – Em poucos dias, a vida do casal Silvonei Mendes e Michele Thomasini sofreu uma grande reviravolta. Em menos de 15 dias, descobriram o diagnóstico de leucemia da filha Sofia, de apenas cinco anos, lidaram com a rápida piora e, infelizmente, com sua partida precoce. Silvonei e Michele lutam para seguir suas rotinas e para superar a dor e saudade da filha.

 

A internação de Sofia, seguida de uma forte campanha de doação de sangue, mobilizou Sapiranga e toda região. A família também recebeu carinho e muitas orações de amigos, familiares e até mesmo desconhecidos. E, mesmo lidando com o momento mais difícil da vida deles, Silvonei e Michele dão um exemplo sobre empatia. Durante o curto período de Sofia no hospital, eles conheceram outro casal que está na batalha pela vida do filho. Calebe Josué Dreher Six tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) e precisa arrecadar R$ 12 milhões para realizar o tratamento.

Mesmo com os dias difíceis, o casal sempre manteve a fé e esperança. “Lá dentro (da UTI), a batalha não era diária,  era por hora. A gente passava sufoco lá dentro, para um pai e uma mãe acompanhar essa rotina, é pesado demais. Quando a Michele ligou, dizendo que a médica tinha dito que não havia mais o que fazer, saí de casa com esperança. Nunca a perdi, tive até o último minuto, só que o quadro dela foi piorando dia após dia”, conta o pai. “Quando se está numa UTI, você precisa ter fé, acreditar, ali é tão ruim, angustiante, se não acreditar que vai melhorar, tu não sobrevive. Sempre tivemos consciência da situação dela, sempre com pés no chão, mas a gente tem que acreditar. E tínhamos que resgatar essa fé diariamente”, completa a mãe Michele.

Poção do amor para despedida

Após ter passado os últimos minutos ao lado da filha, antes da partida, Michele e Silvonei planejaram uma despedida diferente. “É fácil dizer, faça sua vontade, quando a vontade Dele é igual a nossa. Quando é diferente, a gente tem que ser forte. Entendendo o que havia ocorrido, eu não saberia colocar minha filha em um buraco e voltar pra casa”, relembra Silvonei, emocionado. O casal decidiu pela cremação de Sofia e as pessoas mais próximas dela receberam as chamadas poções do amor. Os pais colocaram parte das cinzas no mar, lugar que Sofia amava. As pessoas que também receberam a poção fizeram lindas homenagens de despedida.

“Realizei a vontade de ser mãe e foi lindo demais”

Lembrar de Sofia faz os olhos dos pais brilharem. “Ela era amor, ela plantou amor em muitos corações, até de quem não conhecia. Isso que ocorreu mexeu com muita gente, vimos pessoas se perdoando, pais repensando ações; ela mobilizou tanta gente. Foram muitas orações voltadas para nós e cada demonstração nos fez muito bem”, diz Michele, contando que ela e o marido estavam preparados para o tratamento da filha, no entanto, também não a queriam ver sofrer. “A coisa mais linda da vida, é ter um filho. Realizei a vontade de ser mãe e foi lindo demais. “Quando entendi que não tinha mais nada para fazer pela minha filha, aceitei. Como eu aceitei isso? Não sei explicar. Não me revoltei, porque como eu estava fazendo sempre minhas orações, mudei minha conversa com Deus e disse: você sabe o que eu quero, mas que seja feito o que é melhor para ela, então entreguei minha filha, literalmente, a Deus”.

Rifa com bicicleta para ajudar o menino Calebe

Diagnosticado com AME, a família de Calebe, que reside em Campo Bom, corre contra o tempo para arrecadar os milhões necessários para iniciar seu tratamento, antes dos dois aninhos. Para ajudar, Silvonei e Michele organizaram uma rifa e o prêmio é a bicicleta de Sofia.
A rifa “Sofia ama Calebe” tem 10 mil números e eles podem ser adquiridos no link https://rifei.me/sofia-ama-calebe ou o perfil @michelethomasini.pilates no Instagram. “Conheci o Juliano (pai do Cabele) nos corredores do hospital e ele, um dia, chegou para mim e disse que estava orando pela minha filha e que tudo ia ficar bem. Aquilo nos comoveu, pois ele também estava com o filho internado e precisando comprar o remédio mais caro do mundo e, mesmo assim, orava por nós. Sabemos o quanto é difícil estar no hospital e o quanto isso gera custos, então, nossa intenção foi fazer a rifa e repassar os valores como forma de ajudar. Tenho certeza de que se a Sofia estivesse aqui, ela concordaria. Ela amava ajudar as pessoas”, conta Silvonei.