A literatura gaúcha chega na Itália através do ‘Setenta’

 Região- Uma boa notícia em meio ao caos. O livro ‘Setenta’, do escritor Henrique Schneider, vai ser publicado na Itália até o final deste ano. A editora responsável será a Red Star Press, que se caracteriza pela bem cuidada edição de ensaios e literatura de natureza progressista. Ou seja, a Itália passa a contribuir para aumentar a visibilidade desta temática tão relevante para o nosso país.

 

Segundo a editora do ‘Setenta’, Dublinense, publicar o livro na Itália representa mais do que a abertura de portas em um mercado até então inédito. “Esse lançamento confirma que sempre estivemos no caminho certo ao acreditar na escrita do autor. Ainda mais no caso desta obra, que une escrita apurada com urgência histórica, dois predicados que fazem deste livro uma leitura necessária não apenas no Brasil, mas também no mundo todo”, afirma o escritor e gerente de comunicação da editora, Eduardo Krause. O sócio-fundador e editor da Dublinense, Gustavo Faraon, reafirma a relevância desta conquista. “A Itália possui um mercado exigente, então conseguir chegar pela primeira vez lá com um livro originalmente publicado por nós, é um grande sinal de validação do trabalho que temos realizado por aqui”, afirma.

Para Henrique, é de suma importância divulgar a ameaça que a democracia constantemente sofre no Brasil. “Costumo dizer que torço muito por este livro, pela mistura de ficção e realidade que ele carrega e pela necessidade de falarmos cada vez mais sobre o assunto, no momento em que tenta se estabelecer no Brasil uma disputa de narrativa em que se tenta simplesmente ́inventar que não houve ditadura no nosso passado recente”, diz.

 

O escritor gaúcho afirma ainda que este livro, assim como diversos outros nesta temática, necessita ser lido para que períodos brutais de nosso passado não se repitam, nem sejam esquecidos. “É uma obra de ficção, mas tudo que está no livro aconteceu. Aconteceu a tentativa de sequestro do cônsul norte-americano em Porto Alegre; existiam centros de tortura clandestinos; havia tortura; havia aulas de tortura; houve prisões, tortura e mortes de militantes pela democracia; houve prisões, tortura e mortes de gente que não tinha nenhum envolvimento político, como o Raul (personagem principal do livro)”, finaliza Schneider.

O livro ‘Setenta’, vencedor do Prêmio Paraná de Literatura de 2017, também será publicado em julho no Egito pela editora SefSafa.

 

O SETENTA

Raul, um bancário dedicado, um cidadão de bem levando uma vida tranquila em junho de 1970: destina todas as suas energias ao trabalho e a política não lhe interessa. Até que um dia, em meio ao clima de euforia patriótica às vésperas da final da Copa do Mundo, ele é confundido com um militante, preso e atirado em uma cela para confessar algo que não sabe. A partir daí, o jogo vira, e ele passa a viver o que de mais terrível aconteceu no Brasil nos anos de chumbo.

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