A emancipação de Sapiranga começou antes de 1955

Por Cássios Schaab

 

O ano de 1955 é o marco inicial de Sapiranga como município emancipado, porém anos antes, diferentes ações foram realizadas para que a cidade se desvinculasse de São Leopoldo. “A emancipação de Sapiranga foi trabalhada desde o início do século 20,  mas os processos ganharam força a partir de 1953”, explica a historiadora Dóris Fernandes. Além de distintos, os momentos em que a emancipação foi pleiteada também contou com a atuação de diferentes pessoas. A primeira tentantiva esbarrou no revanchismo político. “O primeiro movimento foi quando Novo Hamburgo se emancipou de São Leopoldo e Sapiranga quis fazer parte desta nova cidade”, descreve Dóris. Segundo a historiadora, neste período o Rio Grande do Sul era governado por Borges de Medeiros e, devido a sua derrota nas eleições em Novo Hamburgo, o governador não permitiu tal reivindicação liderada por Frederico Brussius Neto.

A segunda tentativa também foi frustrada

A vontade da comunidade da época em tornar Sapiranga uma localidade emancipada não perdeu força. “O segundo momento surgiu no antigo Bar do Cinema próximo da estação férrea onde as pessoas trocavam ideias sobre o dia a dia da localidade”, contextualiza Doris. “Neste período, por volta da década de 1940, um abaixo-assinado escrito em papel de pão reivindicando a emancipação surpreendeu Bertholdo José Seibel e Alfredo Sperb que fizeram isso como brincadeira”, lembra Dóris. O documento informal foi formalizado às autoridades da época, porém mais uma vez, o Governo do Estado explicou que a legislação não permitia a criação de novos municípios.

A insistência gerou êxito: a emancipação foi conquistada

As duas tentativas frustadas não desanimaram a população, uma vez que a vontade de ver a, então Vila de Sapiranga emancipada, era um desejo que jamais foi deixado de lado pela comunidade da época. “A população percebeu que o desenvolvimento da localidade estava crescendo, que a economia estava se desenvolvendo, por isso entendiam como necessária a emancipação”, explica a historiadora Dóris. E foi dessa forma que as tentativas não cessaram, até que o êxito fosse alcançado. Após as duas frustrações anteriores, novamente foi um local de intensa movimentação de pessoas na área central que potencializou a organização dos moradores para a criação do Município de Sapiranga. “O antigo Bar Café Cinelândia era palco das reuniões, de comemorações de aniversários e do cultivo das tradições gaúchas. Foram nesses encontros e depois de muitas conversas, mais uma vez, que a população entendeu que era necessário a emancipação da Vila de Sapiranga e assim ideia foi difundida”, explica a historiadora. “Dados estatísticos, como valor da arrecadação de impostos, e a tentativa de anexar o território de Campo Bom, fizeram parte do levantamento de dados em um movimento que originou a Comissão de Emancipação”, complementa Dóris Fernandes. Comícios em prol da criação da cidade, sendo o primeiro em 1952, entre outras atividades, fizeram com que o Governo do Estado aceitasse a reivindicação dos moradores da Vila de Sapiranga. Esse movimento culminou com a Lei estadual nº 2529 de 15 de dezembro de 1954 que determinou a criação do Município de Sapiranga e sua instalação em 28 de fevereiro de 1955. A primeira eleição, para prefeito, vice-prefeito e vereadores, realizou-se no dia 20 de fevereiro de 1955. O primeiro prefeito de Sapiranga foi Edwin Kuwer.