Região – Cerca de 37 mil pessoas aguardam pela realização de provas nos Centros de Formação de Condutores (CFC) em todo o estado do Rio Grande do Sul. Entretanto, conforme explica o diretor da unidade de Campo Bom, Caio Trainini, o Departamento de Trânsito do RS (Detran/RS) só tem estrutura e examinadores para a realização de 29 mil exames, ou seja, 8 mil pessoas precisam aguardar pelo menos 30 dias para testarem suas habilidades e conhecimentos.
No CFC de Campo Bom, as provas práticas têm uma fila de espera que dura entre 45 e 60 dias. Isso porque, em função da pandemia, o Detran teve que reduzir o seu quadro de funcionários, e, consequentemente, diminuir o número de horários para a realização dos testes. “A equipe de examinadores está reduzida, e cada prova leva 15 a 20 minutos, assim não conseguem atender todo mundo. Além disso, quando chove, como o carro precisa ficar com a janela aberta, para evitar risco de contágio, a prova precisa ser cancelada. E assim é feito o remanejo para outra semana, já que o Detran não dá uma turma extra. Então temos que empurrar todo mundo uma semana a mais, é uma bola de neve. Priorizamos a primeira prova, da primeira habilitação, já o reteste demora uns 60 dias para encaixar no meio das vagas da primeira prova”, explica Caio.
Mudança na agenda
O diretor geral da unidade de Sapiranga, Sílvio Rogério da Silva, explica uma mudança no Detran que causa ainda mais atrasos na marcação de provas. “Tivemos redução no número de vagas por causa da pandemia. Estamos no dia 10, tenho prova prática de carro marcada até dia 12 de dezembro. É o que o Detran tem nos disponibilizado de vaga. A maior dificuldade é que a demanda continua e a gente tem que trabalhar na distribuição de aulas dos nossos alunos, buscando que as últimas aulas fiquem perto da prova. Isso porque o Detran mudou uma regra que pra nós era essencial. Na abertura do processo de habilitação, após aprovação dos exames médicos, já eram marcadas as aulas teóricas e a prova, e já podíamos fazer a previsão de quando seriam feitas as aulas e prova prática. Como uma forma de poder estar mais na mão desse controle, para estudar até a necessidade de aumento de quadro, ter noção real do que necessita, o Detran não permite mais marcar a prova teórica sem que o aluno tenha terminado o curso, isso obriga o atraso das provas. Todas as aulas precisam estar lançadas no sistema para só então marcar a prova. Aluno que leva 10 dias para fazer as aulas teóricas, só vai poder marcar agendamento para vir marcar a prova daqui 10 dias”, esclarece Rogério.
Novidade nas provas teóricas
O diretor Caio explicou que, para minimizar as demoras na realização das provas teóricas, o CFC de Campo Bom está participando de um projeto piloto do Detran, no qual esse tipo de teste é realizado de forma eletrônica, por computador. “Montamos uma sala com 10 computadores onde as pessoas fazem a prova eletrônica e o resultado sai na hora. Assim, zeramos a fila. Depois da pandemia, o Detran reduziu o quadro de funcionários, reduziu espaços nas salas, que antes cabiam 30 e agora cabem 16, e assim passamos de 60 provas semanais para 32. Vendo esse problema, que cada semana vai aumentado o déficit de prova, o Detran criou um projeto piloto no estado, e 12 CFCs toparam participar. Um diretor fica na sala cuidando, e um examinador fica remotamente através de câmeras monitorando a sala. Cada aluno usa um terminal para realizar a mesma prova que é escrita, mas no PC. Como a prova escrita precisa ser enviada por malote ao CFC de Porto Alegre via correio, o resultado chegava em 7 a 10 dias, no computador é instantâneo. Ganhamos uma semana de prazo. E o Detran disponibilizou dois turnos de provas, assim conseguimos realizar 60 provas eletrônicas por semana e 32 escritas. O custo grande, tivemos que arcar com a estrutura. Cada computador tem seu guichê separado, com barreira física para evitar colas e contágio. Ideia do Detran é que mais CFCs adiram a isso nos próximos meses”, diz.