2015 com recorde de empresas fechadas

Estatísticas | Levantamento mostra que de 2013 para 2015, número de MPEs que fecharam as portas dobrou em todos os municípios. Índices aumentaram mais de 100%

Região – Difícil falar de outra coisa, quando a economia mostra sinais de desaceleração e a crise econômica afeta todo o país. A nível nacional, foi detectado um grande número de fechamentos de lojas de varejo, conforme levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Até outubro deste ano, houve queda de 9,1% no número de estabelecimentos comerciais com vínculo empregatício no Brasil, em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho – o que quer dizer que, em um ano, o varejo perdeu 64,5 mil estabelecimentos comerciais no país.

Na região, dados do Empresômetro, site mantido pela CNC, apontam que o ano de 2015 vem sendo complicado para os micro e pequenos empreendedores, principalmente em municípios como Araricá e Nova Hartz. Em ambos municípios, o número de MPEs que fecharam as portas em 2015 é maior do que o número de empresas abertas neste ano. Até 14 de dezembro, 96 empresas foram abertas em Nova Hartz, sendo que 109 haviam fechado as portas. Araricá teve 36 novas empresas, contra 38 negócios que foram finalizados.

Dados

– Em Sapiranga, surgiram 574 novas empresas até o dia 14 de dezembro. Por outro lado, neste ano, 379 empresas foram fechadas, de janeiro a dezembro de 2015.

– Em Campo Bom, a economia contou com 610 novos negócios, contra 370 empresas que decretaram falência, até o momento.

– Nos dois casos, o número de empresas fechadas em 2015 representa o dobro do número de 2014.

Empresários precisam se reinventar

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Novo Hamburgo, que abrange os municípios de Araricá, Campo Bom, Nova Hartz e Sapiranga, Remi Scheffler, nossa região vive um momento de instabilidade econômica. “Nas últimas décadas sofremos com a crise calçadista. O comércio acabou ocupando o posto de maior empregador, mas notícia divulgada esta semana pela FCDL, revela o que a gente já sentia no caixa das empresas: tivemos a primeira queda no volume de vendas em uma década. O comércio sofre e, assim como outros setores, também desemprega. Já se nota tapumes em shoppings e placas de ‘aluga-se’ no chamado ‘comércio de rua’. É uma triste realidade. O ano de 2014 foi estagnado, por conta das eleições. Este ano estamos encerrando com queda nas vendas. Recentemente, a Fecomércio-RS divulgou projeção para 2016. O dado preocupante é que a projeção otimista equipara o próximo ano com 2015, que está sendo ruim. Não vejo perspectiva de aumento significativo nas vendas nos próximos meses. Por isto os empresários do setor vão precisar se reinventar”, considera.

Conjuntura econômica*

Podemos dizer, dado os valores apresentados no relatório Focus, publicado pelo Banco Central no dia 11 de dezembro, especialmente relativos a acentuada redução do PIB (espera-se que o PIB feche em 2015 com queda de 3,62%. Caso se confirme, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando houve retração de 4,35%), que o Brasil está num momento de recessão técnica. Na prática, essa classificação serve como uma espécie de “termômetro” para medir o desempenho da economia. Isso porque temos um conjunto de indicadores negativos, como aumento do desemprego, queda na produção, falência de empresas, a menor popularidade da presidente, tensões entre o governo e o Congresso, e os riscos de impeachment da presidenta estão criando desafios e incertezas políticas e econômicas. Acredita-se que tanto a turbulência política quanto econômica estão afetando todas as atividades e logo as empresas e levando ao enceramento muitas empresas em 2015.

Para o Sebrae (2015), dentre as principais razões para a mortalidade precoce das empresas estão a falta de planejamento e o descontrole na gestão. Na verdade não existe uma pesquisa que analise e apresente uma correlação direta entre fatores conjunturais econômicos e políticos versus a falência das empresas.

Sabe-se segundo a Serasa Experian (2015), que foram criadas nos nove primeiros meses de 2015 (até setembro) 1.522.988 empresas contra as 1.457.956 nascidas em 2014, registrando um aumento de 4,5% no período.

* Por Aline Nast Lima De Lemos, do curso de Ciências Contábeis da Universidade Feevale.

CNC registra aumento superior a 200% no fechamento de empresas nos municípios

Os dados registrados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostram que, de 2013 para cá, a quantidade de empresas que foram – ou decretaram – à falência cresce cada vez mais. Em Campo Bom, enquanto que 122 MPEs haviam fechado em 2013, neste ano 370 já tiveram o mesmo destino, o que representa um aumento de mais de 200%. Em Araricá, os número saltam de apenas 9 empresas fechadas em 2013 para 38, até metade de dezembro de 2015. O mesmo ocorre em Nova Hartz, que em 2013 registrou o fechamento de somente 24 negócios, para ter 109 MPEs fechadas até o momento neste ano. No município de Sapiranga, a estatística fica semelhante à de Campo Bom: em 2013, 143 negócios fecharam as portas e, neste ano, o município já registrou o fechamento de 379 empresas, o que representa um aumento de mais de 160% em relação a 2013.

De acordo com economistas da Serasa Experian, a retração no ritmo de atividade produtiva no país pode ser atribuído a vários fatores. Os economistas listam, entre eles, a deterioração dos níveis de confiança de consumidores e empresários, as dúvidas quanto à implantação de um ajuste fiscal crível, que consiga equacionar a trajetória da dívida pública e os impactos da atual política monetária restritiva para combater a inflação. Outro fator que deve ser considerado é o consumo das famílias e o consumo do governo, com recuos de 2,7% e de 1,3% no acumulado do ano até setembro, respectivamente.

Nos quatro municípios da região, alguns setores econômicos se destacam em meio à crise. Em Sapiranga, a área que mais cresce para micro e pequenos empreendedores é a de comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios e a de reparação de veículos automotores e motocicletas. Neste ano, surgiram 184 empresas nesses ramos. Fabricação de calçados de couro e comércio de mercadorias em geral também dão resultado. Em Campo Bom, as mesmas áreas vêm prosperando, com 199 novas empresas atuando no município, em reparação de veículos e comércio. Além de setores como comércio de mercadorias em geral e fabricação de calçados de couro, cabeleireiros e obras de alvenaria aparecem entre as principais atividades. Em Araricá, tanto comércio quanto reparação de veículos aparecem em segundo lugar. A principal atividade que vem ganhando força no município é a indústria de transformação, com quatro novas empresas estabelecidas na cidade neste ano. Outra atividade que tem destaque na cidade é o acabamento de calçados de couro.Já Nova Hartz tem uma atuação mais forte no comércio varejista e reparação de veículos, com 36 novos negócios nestas áreas, no ano de 2015. Acabamento de calçados de couro sob contrato, comércio de mercadorias em geral e lanchonetes e casas de chá também prosperam.

Crédito da foto: Divulgação