O Professor e a qualidade da Educação

Nos últimos trinta anos, vivemos dentro das escolas públicas uma grande contradição: avançou-se na democratização do acesso sem os investimentos necessários para garantia da qualidade. Neste processo de crescimento quantitativo, houve a inevitável deteriorização física das escolas, a estagnação pedagógica, com impactos não desejáveis para a qualidade do ensino. Este conjunto de problemas compôs um cenário difícil para os educadores. Não só pela depreciação dos seus salários, mas, também, pelo afetamento de sua autoestima, agravada pelo reforço constante da veiculação de uma imagem negativa da Escola Pública.
Contudo, a Escola Pública sobreviveu e gradativamente retoma uma curva de recuperação. Isso se deve, sem dúvida, em grande parte, à abnegação e ao idealismo dos mestres. Só a paixão de educar foi capaz de manter viva a escola pública nos períodos mais adversos. No momento em que a rede pública gaúcha sai do décimo primeiro lugar no Ideb para a segunda melhor rede pública do Brasil, é oportuno reconhecer o trabalho dos nossos mestres, que agora voltaram a estudar, respondendo positivamente aos esforços de atualização, de formação permanente em serviço.
Respondendo ao estímulo de políticas públicas, os educadores não só agregam valor intelectual à sua formação, mas mergulham no aprendizado das novas tecnologias, das novas concepções curriculares e de novas práticas pedagógicas. O movimento de estudo dos professores da rede estadual mobiliza para a articulação ensino e pesquisa, para a construção interdisciplinar do conhecimento e para possibilitar que os educandos possam perceber sentido e significado no Ensino Médio e comecemos a desenhar seus projetos de vida.
Os resultados que indicam melhoria da aprendizagem, da permanência, alimentam a autoestima de nossos mestres como os principais sujeitos e autores da qualificação da formação da nossa juventude. Os desafios da educação pública não serão inteiramente respondidos sem que a sociedade reconheça de forma concreta o lugar de merecimento de nossos educadores.
José Clóvis de Azevedo, secretário Estadual de Educação