Nossa Brigada Militar

Bom dia, boa tarde, boa noite. É assim que eu e meus colegas da Brigada Militar gostaríamos de ser recebidos em todas as ocorrências despachadas. A verdade é bem diferente e além disso, somos vistos assim: parado polícia, eu to aqui pra te prender.
Somos sim legalistas, mas acima de tudo, somos homens, mulheres, cidadãos e eleitores e por este motivo nos damos o direito de pleitear nossa igualdade. O que temos de diferente das outras pessoas de nossa sociedade, além de uma arma na cintura, para defender você, cidadão, é nosso semblante embrutecido pela violência que se tornou tão corriqueira em nossas vidas. 
Temos sim sentimentos. Ficamos abalados e tristes sim, como foi o caso da morte ocorrida este ano em Sapiranga de uma empresária, que morreu trabalhando. Ficamos sim com medo, como nosso colega em Dois Irmãos, que na tentativa de salvar um motociclista descarregou todo o seu aparato bélico contra os marginais e estes continuavam a revidar e graças ao Nosso Senhor do Mundo foram salvos por outros colegas de farda. Ficamos sim, felizes por ter o reconhecimento de nossa comunidade pelos serviços prestados e da importância que temos.
Dar o peito a própria morte faz parte de nossa realidade. Somos uma legião de patriotas que mostramos que para ser herói não precisa de capa e espada, bastando apenas abraçar nossa segunda pele, bege-lido.  Somos heróis anônimos, que quando salvam suas vidas, batizamos sim suas histórias. Neste contexto nossa Brigada Militar, nossa amada BM, que ostenta em nosso estado 176 anos de valorosos serviços prestados, marca sua presença nesta região tão amada que é o Vale do Rio dos Sinos e Paranhana.
Nosso maior presente é continuar servindo. Servindo e protegendo. Entendemos sim que uma comunidade forte, tem uma polícia forte. Não nos abandonem, não esqueçam que nós também somos gente de carne e osso por trás de nossa farda e que também somos sociedade, pois assim consta em um provérbio chinês que “A árvore quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira.”
Major Marcelo Carpes, comandante do 32º Batalhão de Polícia Militar