Necessidade de reforma política da sociedade como um todo

Não vejo a menor possibilidade de a classe política rever práticas e metodologias para as próximas eleições, nem para eleição nenhuma, a não ser por forte pressão popular, auxiliada por campanhas realizadas na mídia, que atuem como mecanismos de pressão, haja vista que tais práticas, as atuais, são consagradas em nossa cultura e de autoria da própria classe política, sua maior beneficiária.
Essa mesma classe política criou este atual sistema, de forma que o Poder Executivo se torna refém do Legislativo, em nome da governabilidade, produzindo-se, para este fim, coligações partidárias, sem nenhuma ideologia, ou real debate de idéias, a não ser o objetivo de chegar ao poder e amealhar os maiores benefícios possíveis para si e par seus interesses, bem como dos grupos econômicos que financiaram suas campanhas. Ficamos, portanto, diante de um Legislativo que, igualmente, não legisla, a não ser em nome dessas bancadas; pouco importando o partido que assuma o poder. E é preciso deixar bem claro, que nenhum candidato, destes que se apresentam agora, verdadeiramente, pertence a uma espécie de nova política, como alardeado. Isto é deslavada inverdade de quem quer se utilizar do pouco esclarecimento da maioria do eleitorado brasileiro: todos, sem exceção, estão comprometidos com a velha política.
Única possibilidade: acionarmos fortes mecanismos de pressão como uma espécie de cidadania ativa, ou seja, de votar e eleger e fiscalizar os atos dos políticos, o que não se constitui, infelizmente, em característica do eleitor brasileiro, ou seja, nunca fazemos isto, mas, ao contrário, votamos e nada mais exigimos dos políticos.
Dr. Henrique Alexander Keske, professor de Ciência Política Universidade Feevale