Juventude e protagonismo

É inegável que o perfil do jovem brasileiro é de morador de periferia urbana e exposto a inúmeras vulnerabilidades. Isto não desconsidera a diversidade da juventude brasileira, mesmo dentro de grupos que vivem em mesmas condições. A questão das políticas públicas de juventude é  um problema de todos, não existe convivência isolada num mundo globalizado e o desenvolvimento passa por uma mudança radical nas relações de poder da sociedade com a juventude. Um triste exemplo são os municípios que ainda não têm espaço de diálogo e de decisão junto aos jovens, que seriam os Conselhos Municipais de Juventude e até secretarias. A Secretaria Nacional de Juventude não têm status de ministério como outras e isso é um atraso. A juventude sempre foi protagonista nas transformações sociais da humanidade e a história do Brasil confirma em seus registros. Hoje, nas universidades, jovens são atores de descobertas que transformarão nossas vidas, principalmente nas pesquisas de novas tecnologias. Os avanços nas políticas de juventude como o Prouni não saíram da cabeça de políticos experientes, mas dos círculos do movimento estudantil da UNE. A escola hoje é o espaço mais autoritário da sociedade, a lógica de produção em massa de corpos dóceis e úteis ainda reina. Espaço que deveria produzir liberdade e criação, ainda prioriza o controle dos corpos. Essa mudança de olhar da sociedade para a juventude deve ser desconstruída ou o jovem continuará protagonista com uma arma na mão, fumando crack, aumentando os índices de evasão escolar e de uma massa de trabalhadores sem o conhecimento necessário para fazer nosso país crescer. E a sociedade de forma hipócrita continuará culpabilizando o indivíduo, colocando eles como os que mais matam e esquecendo que eles são os que mais morrem, são maioria da população carcerária e não estão sendo ouvidos sobre a escola, o trabalho e o mundo que desejam.

Valter Fernandes Lemos é vereador em Campo Bom e acadêmico de Pedagogia da UFRGS