Desafiadoras juventudes

Estudos sociológicos e antropológicos mais recentes referem-se a juventudes – no plural – ao descrever essa categoria social que está na etapa intermediária da vida, entre a infância e a vida adulta. Esse sentido de transitoriedade reduz a percepção de que o jovem é sujeito de direitos hoje e, portanto, de políticas públicas.
 As políticas para as juventudes resultam desses avanços conceituais associados a movimentos da sociedade e iniciativas de agentes públicos. No RS existe cerca de 2,8 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos, faixa etária convencionada como juventude pelo IBGE. O Instituto constatou 11% deste grupo de jovens gaúchos nem estuda nem trabalha.
Nesta classe, temos grandes desafios. Além da educação e do acesso ao mundo do trabalho, há os altos índices de violência contra a juventude vinculada ou não à questão das drogas. É preciso reduzir a exposição de jovens às situações e comportamentos de risco a partir de criação de oportunidades de lazer, formação e inserção no trabalho. Para diminuir os índices de vulnerabilidade juvenil à violência são necessárias políticas abrangentes e de longo prazo. Ao mesmo tempo, porém, são imprescindíveis as ações localizadas e imediatas, promovendo a maior presença do Estado nos territórios e articulando as diversas esferas do poder público com a sociedade civil. A criação de Centros de Juventude nos Territórios da Paz da região metropolitana de Porto Alegre ambiciona a permanência de 32 mil jovens na escola e a primeira oportunidade de trabalho para 50 mil jovens nos próximos quatro anos.
Parte dos jovens gaúchos vive no meio rural, onde o acesso a equipamentos públicos e a bens culturais torna-se essencial para sua realização pessoal e cidadã. Em suas juventudes, as gerações contemporâneas incidem sobre o meio em que vivem das mais diversas formas: realçando as desigualdades sociais, questionando práticas e valores vigentes, abrindo novas possibilidades tecnológicas e culturais. Seu protagonismo impulsiona a dinâmica social na medida em que são herdeiras de uma construção histórico-social sobre a qual procuram traçar novos percursos. Cabe-nos assegurar as condições para que, legítima e criativamente, possam fazer suas escolhas.
Por Juçara Dutra Vieira, Secretária da Justiça e dos Direitos Humanos