Comentário: Geração de direitos, por Marco Cassel

Como é bom vivermos numa sociedade em que os direitos são preservados. Isso mostra que o mundo melhorou, mas me preocupa uma geração que está pautada em ter direitos e desconhece deveres. Parece algo tão insignificante uma criança chorando e os pais atendendo a todas as suas exigências, ou uma criança reclamando da escola e os pais imediatamente tirando satisfação com a professora. O problema é que isso está se tornando um hábito arraigado em nosso convívio social e devemos começar a nos preocupar.

Quando as crianças aprendem que só têm direitos e não deveres, começam a pensar que o mundo deve para elas, os pais, a escola, todos tem obrigação com elas, e perdem a capacidade de sentir gratidão – “tudo o que fazem por mim é obrigação. Por que agradecer?”. Quando pensam que não precisam mais agradecer, tornam-se arrogantes e autoritárias. Por isso é fundamental que junto com os direitos, expliquemos a nossos filhos os deveres que têm com os colegas, escola, pais, idosos, animais, o planeta, com tudo e todos com quem compartilham a vida, o convívio social.

Muitos pais, porque tiveram uma infância onde somente os deveres eram levados em consideração, ou porque seus pais não tinham boas condições financeiras, querem oferecer para seus filhos uma realidade oposta à sua, e na ânsia de que com seus filhos “seja diferente”, extrapolam na concessão de direitos.

Existe outro fator que devemos levar em conta nessa farta distribuição de direitos aos filhos – falta de tempo. Na correria diária, numa sociedade pautada pela competição, as crianças “atrapalham” o desempenho rumo às metas, então para que tenham “paz” nessa correria, muitas pessoas entopem seus filhos com tudo o que querem (isso não é um juízo, é uma constatação). Porém, depois que se tem um filho tem-se o “dever” de oferecer a ele atenção e algum tempo de qualidade. Mas não lhe ofereça apenas “uma hora de qualidade por semana”, porque não poderá reclamar quando for a um restaurante e lhe servirem a comida que mais gosta numa tampinha de garrafa pet e lhe disserem – “afinal o que importa é a qualidade, não a quantidade”.

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