Comentário: A sociedade não aguenta mais

Por Fernando Pires Branco, delegado da Polícia Civil de Sapiranga, Nova Hartz e Araricá

Recentemente dois homens foram soltos pela Justiça em Taquara após terem sido presos em flagrante pela polícia por homicídio e terem confessado que assassinaram a vítima a pauladas, carregaram o corpo em uma carrocinha de reciclagem e incineraram o corpo. Isso aconteceu porque recentemente uma alteração da lei impediu os juízes de decretarem de ofício a prisão preventiva de criminosos, por mais que vislumbrem no caso concreto motivos para fazê-lo. Infelizmente, este é só mais um trágico capítulo na história de benevolência legislativa com criminosos que vemos em nosso país, onde, ano após ano, vários cidadãos e famílias são vítimas dos bandidos e tem sua vida e patrimônio destruídos, tendo, ainda, a infelicidade de os ver serem tratados como “vítimas da sociedade”, cheios de benesses e privilégios, com inúmeros defensores barulhentos na mídia, nos tribunais e nas casas legislativas, que se valem de várias teorias sobre o crime formuladas por teóricos descolados da realidade social e que não correspondem ao justo anseio da população por justiça.

Não podemos mais tolerar que bandidos violentos sejam tratados como seres sem livre-arbítrio, meros frutos do meio, desprovidos do desejo de escolher entre ter uma vida digna ou uma vida dedicada ao crime. Não podemos mais permitir que as forças policiais sejam desmoralizadas e apequenadas, sempre sendo censuradas publicamente quando agem com energia contra os criminosos, mas sendo vítimas de um silêncio constrangedor quando um policial morre no cumprimento do seu dever. Por fim, não podemos permitir que a impunidade prospere, sob pena de sentenciarmos a sociedade a viver refém dos criminosos.