As águas de março: a violência, o ódio, a intolerância. Vamos resistir!

 

Nosso magnífico Tom Jobim (março de 1972), quando compôs “As águas de Março”, não imaginara que neste século estaríamos tão limitados e revivendo sofrimentos que já havíamos superado. A letra se assemelha a um fluxo de consciência, se referindo a seres como pau, pedra, caco de vidro, nó na madeira, peixe, fim do caminho e muitas outros. A metáfora central das “Águas de março” é tomada como imagem da passagem da vida cotidiana, seu moto-contínuo, sua inevitável progressão rumo à morte – como as chuvas do fim de março, que marcam o final do verão no sudeste do Brasil. A letra aproxima a imagem da “água” a uma “promessa de vida”, símbolo da renovação.

Este mês de março deixa marcas profundas em nossas mentes e corações: como esquecer tamanhas barbáries e afrontas aos direitos universais e a nossa democracia? O mês de lutas das Mulheres nos dá mais motivos para seguir resistindo. O Brasil que já foi referência mundial pela erradicação da fome, agora tem sido caso de estudo, de alerta, de análises profundas por organismos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas), agora somos referência pela corrupção, pelo Golpe, pela injustiça, pela miséria, pela fome, pelo assassinato de ativistas de direitos humanos, assassinatos de LGBTS, mulheres, negros, religiosos, líderes políticos, movimentos sociais.

O golpe de 2016 se apresentou com outras vestimentas, mas com o mesmo objetivo de outrora, de beneficiar aos interesses de poucos e do capital internacional, penalizando o povo, retirando direitos e levando à miséria milhares de brasileiros. Isso tudo com o apoio de grandes empresas de telecomunicação, revivendo o Golpe de 64, mas desta vez o golpe foi com o “supremo com tudo”. Vivemos a disseminação do ódio, da violência, inclusive nos parlamentos, protagonizada por políticos de extrema direita. Em certos momentos, parece termos voltado à idade média, com ações, movimentos e falas que legitimam o fascismo no Brasil. A democracia vem sendo ameaçada constantemente, os movimentos feitos na defesa do Estado de Direito têm sido desqualificados por aqueles que são coniventes com esta situação e se utilizam deste momento em benefício próprio.

Marielle Franco, Anderson Gomes, Dorothy Stang, Chico Mendes, Margarida Alves e centenas lutaram por um mundo melhor e mais justo para todos (as).

Que as águas de março nos tragam a renovação, a vitalidade, a energia de lutar e de resistir a todas as tentativas de nos calar!

*Rosa Leães, Administradora, Espec. em Educação; Espec. em Gestão em Saúde, Mestre em Diversidade Cultural e Inclusão Social e vereadora (PT) Nova Hartz