Estamos em um período de festas no Rio Grande do Sul. A palavra comemoração vem a todo instante porque o acampamento Farroupilha foi organizado em Porto Alegre para a Copa e a mídia em geral não nos deixou esquecer nos colocando a par dos acontecimentos. E não falei na rede….
O Movimento Farroupilha ocorreu entre 1835 e 1845, inicialmente no Rio Grande do Sul e posteriormente em Santa Catarina. Entre suas lideranças podemos citar Bento Gonçalves da Silva, Davi Canabarro, Antônio de Souza Neto, Tito Lívio Zambeccari, Giuseppe Garibaldi entre muitos. Ah, Ana Maria de Jesus Ribeiro mais conhecida com Anita Garibaldi, representante feminina mais lembrada. Este grupo insatisfeito com o tratamento dado pelo Império à Província e diante das alternativas de reivindicação não atendidas resolve pelo enfrentamento ao Império Brasileiro.
Mas falar de Movimento Farroupilha sem ver como isso aconteceu aqui no nosso espaço é como tratar de algo distante. O Movimento Farroupilha teve reflexos aqui para Sapiranga, Campo Bom e Araricá. Não podemos esquecer da Família Leão e do Pastor Klingelhoeffer que eram farroupilhas e de João Pedro Schmidt e de Francisco Pedro de Abreu, o Chico Pedro das Califórnias (Moringue), futuro Barão do Jacuí que eram imperialistas. Estes não são apenas nomes, mas personagens que interferiram no rumo da ocupação do nosso espaço.
A Família Leão com dois filhos oficiais das tropas farrapas defendiam o acesso do rio Jacuí das tropas imperiais. Foram mortos em emboscada em suas casas pelo Moringue. Este fato além de ser um escândalo dentro do movimento fez com que os rumos do inventário de Manoel José de Leão levassem para leilão a Fazenda Padre Eterno para pagamento de dívidas. A Fazenda foi arrematada por João Schmidt com o dinheiro recebido de D. Pedro II por indenização dos prejuízos tidos na defesa da colônia do Hamburgo Velho frente aos farroupilhas. O mesmo ocorreu para Moringue que recebe o título de Barão do Jacuí e indenização. Ambos aplicam o dinheiro na compra de terras: Schmidt lotea a área vizinha a São Leopoldo, levando a colonização para o nordeste do Vale (Campo Bom e Sapiranga) e o Barão a parte não ocupada por Schmidt. Planeja um núcleo central e o denomina de Nova Palmeira (hoje Araricá).
E o Pastor? O Pastor Farrapo levou consigo para a luta os registros paroquiais do Campo Bom, deixando uma lacuna na documentação dos nossos antepassados. É uma marca do quão instigante era a causa farroupilha que convenceu um pastor colono a seguir para a guerra.
Bem, e as mulheres? Como ficaram elas enquanto o Rio Grande enfrentava o Império? Comandavam as estâncias, realizavam negócios, sustentavam as tropas, cuidavam da família. Fico a me perguntar será que a guerra é coisa de homem? Pensem que foi a partir de guerras que as mulheres começaram a ter autonomia e independência”.
Drª Dóris Fernandes
