X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Por Nicole Roth

Adaptar X-Men, uma história em quadrinhos com uma lista incontável de personagens, para o cinema é um feito e tanto. Adaptar Dias de um Futuro Esquecido, um de seus arcos mais complicados – até para os fãs – de se acompanhar, então, é um grande desafio. Foi o que Bryan Singer, diretor dos dois primeiros longas dos mutantes, executou brilhantemente neste filme de 2014. Aqui, Singer consegue resolver o principal problema de X-Men: O Confronto Final: no filme de 2006, o diretor Brett Ratner não soube equilibrar corretamente a grande quantidade de personagens. Em Dias de um Futuro Esquecido, Singer prova que não só é possível dar destaque e profundidade a vários personagens, como é possível, em apenas duas horas, fazer isso intercalando o passado e o futuro.

Em Dias de um Futuro Esquecido, vemos que as esperanças do Professor Xavier, um mutante telepata que trabalhava para que humanos e mutantes coexistissem pacificamente, foram derrotadas por uma guerra entre as duas partes, que coloca os mutantes em uma posição muito semelhante à dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Para mudar esse cenário, o Professor e Magneto – o mutante líder da outra “facção”, que prega um confronto no estilo “sobrevivência do mais apto” como solução ao dilema – se unem para reverter a situação. A solução? Voltar ao passado e impedir o assassinato do empresário responsável pela criação das Sentinelas (os “soldados” praticamente invencíveis contra quem os mutantes têm de lutar). Para tal, é preciso enviar a consciência de um dos mutantes ao seu “eu” do passado – algo que poderia causar danos permanentes a uma mente comum.Por isso, escolherem Wolverine, cuja mente pode fazer uso de seus poderes de regeneração, para ser o enviado na missão.

O resultado é um filme com ritmo impecável, que nos transporta para 1973, no meio da Guerra do Vietnã. Assim como o filme anterior dos mutantes, X-Men: Primeira Classe, Dias de Um Futuro Esquecido coloca os personagens no meio de fatos reais da História, envolvendo até mesmo o assassinato de John F. Kennedy. Além de ser capaz de administrar mais de uma linha temporal, Singer mostra que sabe conduzir seus atores muito bem: temos Patrick Stewart como o Xavier do futuro, enquanto que James McAvoy é o Xavier mais novo. Sir Ian McKellen é o Magneto do futuro, enquanto que Michael Fassbender brilha como o Magneto de 1973. A ousada proposta de misturar as linhas temporais e atores mais novos com atores mais velhos funciona de maneira fluida neste longa, que também faz um balanço certeiro entre cenas dramáticas, de ação e humor. Com este longa, Singer mostra por que foi o escolhido para trazer os mutantes – e, por que não dizer, os personagens das histórias em quadrinhos – para as listas de blockbusters do cinema americano.