Star Wars – O Despertar da Força

Por Nicole Roth

Enquanto crescemos, nós encontramos, ao longo do caminho, obras que falam conosco, com quem somos – ou, ainda, que nos transformaram em quem somos hoje. Essas obras podem ser livros, músicas, peças de teatro, jogos de videogame ou filmes. Star Wars é talvez a única franquia que tenha o privilégio de ter sido formadora de, no mínimo, três gerações distintas. Pudera. Todos os elementos capazes de capturar a atenção do público estão lá: o monomito, a “jornada clássica” do herói que recebe um chamado à aventura está lá; um mundo distante, mas que possui elementos semelhantes e outras características diferentes das nossas; tudo isso está presente em Star Wars. Mais do que isso: com a trilogia clássica, iniciada em 1977 e concluída com Star Wars: Episódio VI – O Retorno do Jedi, de 1983, o universo de George Lucas se estabelece como um dos grandes marcos do cinema, conquistando os espectadores com sua mitologia particular.

E é essa mitologia – cercada de mistérios e fantasia, ao contrário da nova trilogia iniciada em 1999 – que o diretor JJ Abrams traz de volta em Stars Wars: O Despertar da Força, ou simplesmente Episódio VII. O longa é uma continuação da trilogia original, onde Luke, o último dos Jedi, está desaparecido, e o mapa para encontrá-lo cai nas mãos da sucateira Rey (Daisy Ridley, fantástica no papel) e do ex-stormtrooper (um dos soldados que luta contra a República – governo estabelecido na Galáxia) Finn (John Boyega, um verdadeiro achado da Disney), que precisam entregar a informação – que está armazenada em um droide encontrado por Rey – à Leia, General da Resistência, apoiadora da República. Sim, o roteiro do filme é deveras remanescente daquele escrito para o longa de 1977, onde um jovem Luke Skywalker encontra um droide que traz uma mensagem que fortalecerá a luta da Aliança Rebelde contra o Império.

Mas é preciso, antes de apontar os pontos negativos do filme, falar sobre seus acertos. Em O Despertar da Força, eles são, em sua maioria, da escalação do elenco jovem: Ridley e Boyega estão tão confortáveis em seus papéis que se encarregam da carga dramática e do alívio cômico do filme. O vilão, que poderia ter sido o grande erro do longa, é, de certa forma, um retrato dos filhos da nossa sociedade, acostumados a terem tudo na hora e da maneira que querem.

Porém, Episódio VII não deixa de ser uma reprise (muito bem feita) dos Episódios IV e V da franquia, tendo até o mesmo plano para a derrota da arma secreta do vilão. É possível argumentar que, depois dos sofríveis Episódio I, II e III, esse era exatamente o filme que os fãs da franquia precisavam, para voltar a acreditar na Força. Ao final, a sensação que fica é aquela expressada por Harrison Ford, o eterno Han Solo: “Estamos em casa”.