Rua Cloverfield, 10

Por Nicole Roth

Oito ano após trazer aos cinemas “Cloverfield: Monstro”, o produtor J.J. Abrams apresenta ao público “Rua Cloverfield, 10”, que pode ser interpretado como uma continuação do longa de 2008 – ou ainda, uma visão de pessoas e um lugar diferente dos fatos acompanhados no filme original. Assim como em “Cloverfield: Monstro”, em “Rua Cloverfield, 10” o produtor buscou um diretor relativamente desconhecido para conduzir sua história.

Em “Rua Cloverfield, 10”, seguimos a história de Michelle, uma mulher que, após deixar um relacionamento mal resolvido para trás, se envolve em um acidente de carro e acorda em um bunker com dois homens – Howard (John Goodman) e Emmett (John Gallagher Jr.) – que a informam que o resto do mundo foi tomado por um ataque químico ou nuclear, ou seja: os três são o que restou da raça humana.

Além de uma desconfiança natural, Michelle tem a lembrança de ser jogada para fora da estrada pela caminhonete de Howard, o que a faz ficar determinada a sair de seu confinamento forçado. A partir desse ponto, dois aspectos são fundamentais para fazer o filme funcionar: não há uma entrega rápida de respostas, sobre quem é Howard, além de um sujeito adepto das mais variadas teorias da conspiração possíveis, e sobre o que realmente aconteceu no mundo fora das paredes da “prisão de Michelle”.

John Goodman é um monstro. Um monstruoso ator, que tem uma facilidade enorme para ir do fuzileiro naval assustador ao pai abandonado, digno de pena, em sua atuação,em questão de minutos. São essas nuances que ele é capaz de imprimir ao personagem que faz, em grande parte, com que o longa dirigido por Dan Trachtenberg seja tão bem sucedido em manter seu nível de suspense relativamente alto – o filme é uma experiência de tensão, já que mesmo quando as coisas parecem estar funcionando para o grupo dentro do bunker, a condução da história não deixa o espectador esquecer que, lá fora, desastres continuam acontecendo.

Vale dizer que, de acordo com a tendência atual do momento, a temática acerca do “monstro dentro do homem” é bem explorada neste longa metragem – ainda que talvez ocupe uma parte grande demais da fita, tornando o final da história um tanto quanto apressado. Mas isso não faz de “Rua Cloverfield, 10” um filme menos eficiente: é um exercício de tensão muito bem conduzido, oscilando entre “mostrar” e “não mostrar” da melhor forma possível, para atingir o nível de suspense necessário para ser um filme bem-sucedido.