Planeta dos Macacos: O Confronto

Por Nicole Roth

Em uma trilogia, o filme que é lançado após o primeiro muitas vezes sofre da síndrome de “filme do meio” – aquele que começa de uma forma estranha e ao final não parece ter um desfecho decente. Planeta dos Macacos: O Confronto, filme que antecede Planeta dos Macacos: A Guerra, que será lançado em agosto, definitivamente não sofre dessa síndrome.

É neste filme que fica claro para qualquer espectador que o desastroso Planeta dos Macacos de 2001, capitaneado por Tim Burton, deve ser esquecido. Há pouco do que reclamar em O Confronto: os efeitos especiais são tão reais que o espectador não encontra dificuldade alguma em assistir a um longo trecho, no início do filme, onde apenas os macacos – e sua vida em sociedade – é mostrada. César, o macaco extremamente inteligente, fruto de um estudo em laboratório, que no final do primeiro filme lidera a “fuga” dos macacos da cidade de San Francisco, toma as rédeas da franquia e se estabelece como personagem principal da trilogia – se no primeiro filme era quase impossível não torcer para que os macacos cobrassem o preço das ações impensadas do ser humano, nesse segundo longa é impossível não sentir as dores de César, sua alegria, sua decepção. E nisso, Andy Serkis é a chave: o ator que faz a captura de movimentos para o protagonista símio torna César mais humano que os humanos do longa.

O que não é dizer que as atuações do resto do elenco ficam para trás – Gary Oldman, Jason Clarke e Keri Russell entregam performances muito boas, em particular Clarke, que faz o papel de um homem que, assim como James Franco no primeiro longa da nova trilogia, cria uma conexão com César.

Não é de se espantar, porém, que o maior conflito do filme não seja entre os macacos e seres humanos, mas sim entre os próprios macacos – o verdadeiro conflito é entre o líder César e o macaco Koba, que vem demonstrando sinais de querer tomar atitudes mais radicais em relação aos seres humanos. As reflexões e os dilemas morais – tanto por parte dos humanos quanto dos macacos – permeiam o filme, que ao mesmo tempo não deixa que falte ação ao espectador. É esse equilíbrio que faz de O Confronto um elo fundamental na nova trilogia, que traz todos os elementos para que o espectador compreenda como a inevitável guerra entre macacos e humanos veio a ocorrer.