Planeta dos Macacos: A Guerra

Por Nicole Roth

“A Guerra” está no título do filme, estava anunciada nas partes um e dois dessa nova trilogia do Planeta dos Macacos, porém, neste terceiro filme, o maior conflito é a batalha interna travada por César, o macaco que lidera, desde “O Confronto”, o bando de macacos que o público segue na trilogia. Nesse desfecho da franquia, um ataque ao bando, liderado pelo Coronel interpretado por Woody Harrelson, traz consequências trágicas para César, que parte em uma jornada que é ao mesmo tempo uma busca por vingança e uma busca por refúgio.

“Guerra” aproxima ainda mais essa nova trilogia aos filmes originais, tornando a ascensão dos macacos ainda mais inevitável ao colocar na mesa uma mutação do vírus criado em “Origens”: agora, os seres humanos estão perdendo a fala – enquanto que, em comparação, a capacidade de fala dos macacos está se aprimorando. É esse elemento que transforma as forças do Coronel em um grupo paralelo ao governo, disposto a fazer de tudo para frear a proliferação da mutação. Caso a atuação e o visual do Coronel deixassem alguma dúvida, uma pichação na metade final do filme não deixa dúvidas: Apocalypse Now é uma grande inspiração para o longa.

Mas não tem para ninguém: o filme – e a trilogia me si – é de César. Cada vez mais real (e mais humano em seus sentimentos), a performance de Andy Serkis é digna de um Oscar. A composição do líder dos macacos é impecável, desde a forma como ele anda, curvado como quem carrega o peso de alguém marcado pela dor e perda da guerra, da amargura em seu olhar até a agonia em sua voz. O diretor Matt Reeves faz questão de mostrar a reverência com que César é tratado pelos demais macacos logo no início do filme, que eleva ainda mais os tons messiânicos com que é pintado: ora o salvador preso na cruz, ora o Moisés que deve levar seu povo até uma terra distante, onde os macacos poderão viver em paz.