La La Land: Cantando Estações

Por Nicole Roth

Não é qualquer filme que consegue 14 indicações ao Oscar – certamente, não é qualquer musical que consegue o feito. Mas é o caso de La La Land, longa que conta a história do casal Mia (Emma Stone), que busca ganhar a vida como atriz em Los Angeles, e Sebastian (Ryan Gosling), que tenta ganhar a vida como pianista até que possa abrir seu próprio clube de jazz na cidade.

O amor pelo jazz permeia La La Land – e parece ser uma das paixões do diretor, Damien Chazelle, já que seu longa anterior também tem a presença do estilo musical – , assim como o amor pelo cinema, em especial pelos clássicos produzidos por Hollywood. É esse amor pelo cinema, pela música e a insistência dos personagens em seguir seus sonhos, que cativa o espectador. É um filme, como Emma Stone canta em certa altura do longa, dedicado àqueles “tolos que sonham”. Depois de assistir ao longa, é difícil compreender que a ideia original de Chazelle era ter Miles Teller (que já trabalhou com o diretor em Whiplash) como Sebastian e Emma Watson como Mia. A química entre Ryan Gosling e Emma Stone é responsável, em grande parte, por fazer La La Land funcionar. O espectador compra, desde os primeiros momentos em que os dois interagem em tela, o romance entre o casal. E ao mesmo tempo que é impressionante o alcance dramático de Emma Stone (indicada ao Oscar de melhor atriz principal), são nos pequenos momentos que Ryan Gosling ganha sua indicação ao Oscar: ao demonstrar irritação, ao sonhar acordado encarando a praia de Los Angeles. Não é à toa que ambos levaram o prêmio de melhor atuação – masculina e feminina – em musical ou comédia, no Globo de Ouro deste ano.

La La Land, porém, não é perfeito. Há escolhas de roteiro questionáveis e conflitos que poderiam ser resolvidos de forma mais fácil do que o apresentado em tela, o que diminui um pouco o drama de Mia e Sebastian, tornando-o, por vezes, um pouco forçado. Essas escorregadas são de certa forma amenizadas pelo final do longa, que dá um destino digno a seus protagonistas. La La Land é um filme para ser assistido sem medo por aqueles que não gostam tanto assim de musicais, mas que são apaixonados por cinema.