Kong: A Ilha da Caveira

Por Nicole Roth

Desde o momento em que divulgaram os primeiros posters, ficou claro que Kong: A Ilha da Caveira teria ares de Apocalypse Now: a fotografia exalava o cheiro de napalm pela manhã, e a decisão de ambientar a descoberta do primata gigante no desfecho da Guerra do Vietnã é a escolha mais acertada do longa. Faz com que, embora seja um filme “de monstro”, ele também seja, de certa forma, uma filme de guerra.

No início do longa, somos apresentados a uma dupla de cientistas que consegue recursos para sua última tentativa de chegar à mítica Ilha da Caveira, um local supostamente inexplorado pelo homem. A dupla consegue a companhia de do exército, assim como de um rastreador britânico, vivido por Tom Hiddleston e uma jornalista vivida por Brie Larson. Os militares são comandados pelo Tenente Coronel Preston Packard, papel designado a Samuel L Jackson. É ele, em grande parte, que é responsável por trazer à tona a mentalidade do soldado daquele tempo – daqueles que se recusa a se render, a aceitar que a guerra terminou e seu país foi vencido.

Como todo bom “filme de monstro”, este Kong traz o questionamento clássico de quem é o monstro de verdade – o animal quase mitológico ao qual somos apresentados, ou os seres humanos. É o tipo de filme que sempre se sai melhor quando traz uma discussão sobre a natureza humana e como o homem reluta em perceber que não é o senhor do mundo. O outro lado da moeda é representado pelos personagens de Hiddleston e Larson e, também, pelo personagem de John C. Rilley, Hank Marlow (que, assim como o nome do personagem de Hiddleston, James Conrad, é uma referência ao livro “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, que deu origem a Apocalypse Now). Falar mais o personagem de Rilley é estragar a surpresa: o artista rouba a cena. Aqui, ele dá vida ao melhor personagem do longa.