Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros

Para quem viveu sua infância ou adolescência nos anos 90, ouvir a música tema de Jurassic Park, composta pelo gênio John Williams, é um mergulho no saudosismo. O sucesso literalmente monstruoso de Steven Spielberg foi lançado nos cinemas mundiais no ano de 1993, com roteiro de Michael Crichton, autor do livro que originou a adaptação cinematográfica. Hoje, doze anos depois, chega aos cinemais a quarta parte da franquia, “Jurassic World”.

Responsável por formar toda uma geração de paleontólogos, é espantoso constatar que o filme se sustenta até hoje – e não apenas em relação à tecnologia usada para dar vida às criaturas jurássicas, em uma combinação perfeita entre a técnica do CGI e os animatrônicos de Stan Winston, mas também em relação à temática explorada pelo filme: a insistência do ser humano em tentar controlar (e se adonar da) a indomável natureza, utilizando-se de forma leviana da tecnologia que lhe está disponível.

É o que John Hammond, uma espécie de Walt Disney um tanto sombrio, vivido pelo também cineasta – já falecido – Richard Attenborough, almeja fazer. Através de clonagem e modificação de DNA, ele traz os dinossauros de volta à vida, para transformá-los em atração no seu mais novo parque temático, o tão famoso Jurassic Park. Depois de alguns “acidentes” envolvendo a equipe de funcionários e os grandiosos animais, Hammond é forçado por seu advogado a trazer alguns peritos ao parque, para que eles inspecionem a futura atração, para decidir se o local deve ser aberto ao público ou não. Um desses peritos é o Doutor Alan Grant, vivido por Sam Neill, um paleontólogo que de repente se vê encarando a possível extinção de sua profissão.

A extinção, aliás, é um dos temas do longa: a tecnologia, que fez com que o retorno dos dinossauros à vida fosse possível, ameaça – já naquela época – tornar a mão de obra humana obsoleta (sem falar no pensar e sentir humanos), o que se vê nos esforços de Hammond em delegar o funcionamento do parque aos computadores. A tecnologia, aliada à ganância (“Ganharemos milhões com isso”, diz o advogado, em certa altura do longa) e ao despreparo total do ser humano em lidar com seres extintos há milhões de anos formam a receita perfeita para o desastre que acaba sendo a inspeção. Um dos peritos da inspeção, Ian Malcom, interpretado por Jeff Goldblum, observa, de forma certeira, a impotência humana diante da incontrolável força natureza que os personagens do longa trouxeram de volta à vida: “Se há algo que a história da evolução nos ensinou é que a vida não pode ser contida. Ela se liberta, se expande para novos territórios e colide contra barreiras, dolorosamente, talvez até perigosamente. […] Estou apenas dizendo que a vida encontra um caminho”.