Invasão Zumbi

Por Nicole Roth

“Invasão zumbi” é uma tradução um tanto quanto inadequada – e, ao mesmo tempo, completamente certeira – para descrever do que Train to Busan, no original, se trata. Embora grande parte do longa de 2016 se passe com os protagonistas correndo e fugindo de zumbis (que aqui são rápidos e correm tanto quanto humanos), o que faz a diferença no longa é a sensação de confinamento que permeia as quase duas horas de duração do filme – grande parte da história se passa com os personagens em um trem, a caminho da cidade de Busan, explicando o título original do filme. Começamos e terminamos o longa acompanhando a história de Seok-woo, que é separado da esposa e tem uma relação um pouco distante com a filha, Soo-an, uma criança que ele vê após chegar do trabalho e com quem quase não passa seu tempo. A trama se passa no dia do aniversário de Soon-an, que insiste que quer ir a Busan ver a mãe – assim, os dois pegam o famigerado trem para Busan. O espectador acompanha uma série de eventos estranhos, que culminam com o embarque no trem.

Traçado de forma cuidadosa, o roteiro está, em todas as oportunidades, fazendo comentários sobre paternidade, maternidade e convívio do ser humano em sociedade. Poderia ser um episódio mais longo de Waking Dead – mas a verdade é que “Invasão Zumbi” é, no final das contas, muito superior popular série de tv de zumbis, trazendo inclusive o eterno bordão do seriado, de que a verdadeira ameaça, em momentos como esse, vem dos próprios seres humanos e seu comportamento sob pressão.