Indiana Jones e o Templo da Perdição

Por Nicole Roth

Tido como o filme mais sombrio da franquia Indiana Jones, Indiana Jones e o Templo da Perdição nem por isso deixa de ser um espetáculo de cores em tela. Este é o segundo longa metragem da série, lançado em 1984, e começa com o arqueólogo se envolvendo e tentando resolver um conflito em Hong Kong, que acaba enviando Indiana (Harrison Ford), seu parceiro mirim Shorty Round (Jonathan Ke Quan) e a cantora Willie Scott para a Índia, em busca de um artefato roubado.

O tom mais pesado do longa é perceptível já na parte mais básica do roteiro: a população da vila indiana na qual os três chegam está desolada, pois eles acreditam que “espíritos ruins” levaram suas crianças embora, por conta de uma pedra sagrada que desapareceu – o tal artefato roubado. Ao longo do filme, Indiana descobre um culto secreto, que se reúne no Templo da Perdição do título da fita – e descobre também o destino das crianças raptadas, o que contribuí para a visão desse longa como o mais sombrio da série.

Sem dúvida esse é o filme da franquia cuja ambientação, clima e plot têm o teor mais pesado de todos, algo que é construído por vários elementos, até mesmo pelo comportamento do próprio Indiana Jones. Porém, há vários aspectos que, ao mesmo tempo, tornam a trama mais leve e engraçada. O principal desses aspectos é a dinâmica entre Harrison Ford e Jonathan Ke Quan, que têm toda a química necessária para fazer com que uma dupla de aventureiros formada por um arqueólogo e uma criança funcione e seja crível. É dessa dinâmica que surgem as melhores tiradas e momentos leves do filme.

Assim como o primeiro filme de Indiana Jones, Templo da Perdição é dirigido por Steven Spielberg e produzido por George Lucas. O produtor, famoso por criar o universo de Star Wars, já admitiu que o tom sombrio se deve muito ao fato de que ele estava passando por um divórcio, na época das filmagens. Esse “pessimismo” com relacionamentos é perceptível até mesmo na dinâmica entre Willie Scott (Kate Capshaw, que mais tarde se casou com Steven Spielberg), que nunca soa inteiramente verdadeira. Ela é, aliás, o defeito mais gritando do longa, já que a relação dos dois nunca parece funcionar de verdade.