Fragmentado

O diretor indiano M. Night Shyamalan alcançou fama Hollywoodiana em 1999 ao apresentar o longa O Sexto Sentido. Com ele, o diretor criou no público a expectativa de finais surpreendentes com plot twists que não eram previstos pelos espectadores até os últimos momentos dos filmes. A carreira de sucessos, porém, foi interrompida por alguns tropeços – de bilheteria, se não de roteiro e direção – como o longa Fim dos Tempos. Eis que, com Fragmentado, o diretor e roteirista volta a fazer um suspense de qualidade, contando a história de Kevin, jovem que tem transtorno dissociativo de identidade – e vive com 23 personalidades diferentes. A coisa começa a se complicar (mais) quando uma das personalidades de Kevin rapta três adolescentes.
Interpretando Kevin e suas muitas personalidades, James McAvoy é a grande força por trás do filme, muito mais do que os costumeiros plot twists de Shyamalan. Assistir a Fragmentado vale a pena para conferir como McAvoy atua para distinguir uma personalidade da outra. Outra atuação que funciona muito bem é a de Anya Taylor-Joy, como Casey, uma das meninas raptadas no início do longa. Fragmentado intercala momentos do passado de Casey com aquilo que se passa no presente, sem deixar a tensão de lado, um atestado às habilidades do diretor.
Outros elementos também chamam atenção, como a forma sutil e precisa com que o diretor utiliza a câmera, com enquadramentos diferentes para personalidades diferentes – e o uso de luz e sombra cria um jogo de cena que muito tem a ver com a temática do filme, o que muitas vezes serve para aumentar a tensão no espectador. Fragmentado pode não ser o melhor longa de Shyamalan, mas é um suspense que deixará o espectador grudado na ponta da cadeira. Um aviso ao leitor que ainda não viu o filme: não há cena pós-créditos, mas há uma cena, por assim dizer, “pós-desfecho” do filme – que deve agradar aos fãs de Corpo Fechado.