Dunkirk

Por Nicole Roth

Dunkirk é, ao mesmo tempo, um longa metragem extremamente característico de Christopher Nolan e ao mesmo tempo a obra que mais destoa dos seus trabalhos de direção anteriores. A história da evacuação de soldados britânicos (e franceses e belgas) das praias francesas é retratada, do ponto de vista técnico, de forma impecável pelo diretor – nesse sentido, é um filme com o esmero na qualidade de som, imagem, montagem e edição que é característico de Nolan. Outro elemento, porém, que de uma forma ou de outra sempre esteve presente em suas narrativas, faz falta neste longa: uma personalidade forte (e obsessiva) de seus protagonistas. Em vez de termos personagens que movem a história, em Dunkirk, a História move – ou não – os personagens.

Por consequência, temos cenas de uma perfeição técnica maravilhosa, que absolutamente deveriam ser vistas em uma tela de cinema, com todo o potencial do som e imagem possível. Porém, ao mesmo tempo que prima pela parte técnica, o roteiro de Nolan deixa a desejar em um aspecto pelo qual, em longas anteriores, ele cativava: os personagens e a facilidade do espectador em se conectar com eles. Em Dunkirk, apesar de termos bons nomes no elenco, como Kenneth Branagh e Mark Rylance, as personalidades daqueles que protagonizam a história que Nolan quer contar ficam em segundo plano. O que não é dizer que não há emoção no filme: o desespero dos homens ilhados em Durnkirk, aguardando um resgate que nunca parece chegar, é palpável. A sensação de temor e urgência dos homens é ainda mais elevada pelo uso preciso dos aviões alemães: é impossível não temer pelos homens em Durkirk, ao ouvir a Luftwaffe chegar.