Dois Caras Legais

Por Nicole Roth

Veterano roteirista da franquia Máquina Mortífera, Shane Black escreve como ninguém a clássica dinâmica da dupla de policiais/detetives, misturando com maestria ação, diálogos engraçados e plots policiais cheios das obrigatórias reviravoltas. Em seu mais novo projeto de direção e roteiro, Dois Caras Legais, Black recicla muito de Beijos e Tiros, seu longa metragem de 2005, que também tem como personagens principais uma dupla formada por um detetive e outro quase-mas-não-exatamente detetive e a indústria Hollywoodiana.

Dois Caras Legais, além de ser um certo retorno às origens para o diretor, também é uma homenagem aos anos 70. Na trama, que se passa em Los Angeles, os dois caras do título, interpretados por Russell Crowe e Ryan Gosling, unem forças para encontrar Amelia, uma jovem desaparecida. As escalação de Crowe – que prova que não há ninguém melhor para interpretar um brutamontes do tipo “bater antes e fazer perguntas depois” – e Gosling – que, por sua vez, faz algo inédito na sua carreira, interpretando um sujeito medroso – acertam em cheio. A dinâmica dos dois, e a jornada para conciliar suas personalidades tão distintas, é o ponto alto do filme. É impossível não notar o quão a vontade ambos estão em tela. Angourie Rice, atriz que faz a filha adolescente de Ryan Gosling, é outro achado para a lista de bons atores que compõem o elenco: é através dela que cenas mais sensíveis surgem no longa.

Como em outros filmes escritos e/ou dirigidos por Shane Black, Dois Caras Legais é recheado de cenas e situações exageradas e por vezes absurdas – e assim como em grande parte de sua filmografia, é graças à habilidade do diretor e roteirista em conduzir sua história, sempre contando com um ritmo acelerado que combina com o estilo do filme, que esse novo trabalho de Black funciona. Em Dois Caras Legais Shane Black faz o que ele faz de melhor, entregando um de seus trabalhos de direção e roteiro mais divertidos.