Capitão América: Guerra Civil

Por Nicole Roth

Um dos – vários – acertos deste grande blockbuster da Marvel, Capitão América: Guerra Civil, é presumir que seus espectadores já estão familiarizados com o Universo Marvel e seus muitos personagens. Assim, a fita não perde tempo para reintroduzir rostos já conhecidos do público. Este é o 13º filme da Universo Cinematográfico da Marvel, e portanto, a história que culmina no grande conflito de Guerra Civil já vem se desenvolvendo ao longo de vários filmes.

Depois de uma missão cujo desfecho causou a morte de vários civis na Nigéria, somando-se à destruição deixada pelos Vingadores em seu filme anterior, as Nações Unidas tomam a decisão que causará discórdia entre os heróis: 177 países querem que o grupo de heróis passe a trabalhar efetivamente para as Nações Unidas, estando sob sua supervisão e direção. Parte do grupo, encabeçada por Tony Stark (Robert Downey Jr), o Homem de Ferro, concorda com a medida, e outra parte, liderada por Steve Rogers, o Capitão América (Chris Evans) do título, discorda.

Todos os subplots que se desenvolvem ao redor desta trama maior (como a reaparição de Bucky Barnes, o Soldado Invernal que Rogers ainda considera como seu amigo de infância) são inseridos de forma orgânica na trama. O longa acerta ao agradar todos os tipos de público: agrada àqueles que buscam ver as cenas de luta entre os grandes heróis, àqueles que buscam o embate ideológico por trás do pedido das Nações Unidas e também o fã dos quadrinhos, que quer ver em live action aquilo que ele já viu em papel, ainda que feito de forma levemente diferente. Capitão América: Guerra Civil tinha também a missão de apresentar ao público o reino de Wakanda e o personagem Pantera Negra, interpretado por Chadwick Boseman. Além de dar aos personagens que já conhecemos tempo de tela suficiente para que sejam bem representados – vale dizer que a essência de cada personagem é respeitada -, Guerra Civil consegue fazer o espectador se importar com T’challa, o Pantera Negra, o que é reforçado pela boa atuação de Boseman. O grande desafio dos diretores do longa, os irmãos Anthony e Joe Russo, era justamente combinar tantos personagens distintos numa mesma trama, e fazer sentido dessa mistura, uma desafio do qual saem bem sucedidos.

Ainda assim, o filme não é perfeito: temos uma desculpa de roteiro fraca para iniciar a grande “caçada” a Bucky Barnes, alguns personagens têm seus poderes subutilizados – mas a grande questão é que Capitão América: Guerra Civil é tão bem conduzido que, ao fim e ao cabo, esses problemas parecem pequenos demais, frente ao grandioso e coeso resultado final do longa.