Até o Último Homem

Por Nicole Roth

Até o Último Homem é o primeiro filme de Mel Gibson em uma década, depois de Apocalypto, de 2006. O tempo que passou afastado das câmeras de cinema não enfraqueceu a mão do diretor, que traz neste longa, indicado ao Oscar de Melhor Filme e Ator Principal, entre outras categorias, Andrew Garfield encarnando Desmond Doss, um soldado do exército americano que recebeu a Medalha de Honra após sua performance na Segunda Guerra. O que torna a história de Doss especialmente notável, porém, é o fato de que, por ser um objetor de consciência (pessoas que seguem princípios religiosos, morais ou éticos de sua consciência, que são incompatíveis com o serviço militar e o combate), Doss se recusava a sequer carregar uma arma, quanto mais utilizá-la. A história de como ele decidiu se tornar um médico e salvar vidas em vez de tirá-las, como ele mesmo diz, é contada neste longa.

Uma das forças do filme, que acaba sendo uma história de guerra e também uma história sobre convicções morais, é justamente a atuação de Andrew Garfield, que parece ter sempre falado com o sotaque sulista de Doss. Outra figura que enriquece o elenco do filme é Hugo Weaving, como o amargurado pai de Desmond.

Há um equilíbrio entre a ação esperada de um filme de guerra e as reflexões necessárias para um filme que lida com princípios éticos e morais, sem deixar que o longa se torne maçante ou acelerado demais. Quando finalmente chegamos à batalha de Hacksaw Ridge, que dá o nome original ao filme, o espectador que se perguntava onde estava a guerra do longa metragem é presenteado com o desesperador espetáculo das batalhas entre norte-americanos e japoneses, com uma amostra do caos e da carnificina enfrentada pelos soldados dos dois lados.

Com toques de Nascido para Matar e até mesmo Band of Brothers, Até o Último Homem tem seu maior diferencial na jornada única do seu protagonista, de forma que consegue falar sobre a Segunda Guerra, assunto tão batido, sob uma ótica notavelmente diferente.