A Chegada

Por Nicole Roth

Alienígenas chegam à Terra, em 12 naves em formato de conchas, uma em cada canto do planeta. Parece a premissa para mais um filme de ação, ao estilo Independence Day. O longa metragem A Chegada, porém, não poderia ser mais diferente disso.

Baseado no conto de Ted Chiang, o longa de Denis Villeneuve apresenta, no lugar do conflito armado esperado nesse tipo de filme, um problema de comunicação. E é por isso que a linguista Louise, personagem interpretada por Amy Adams, é contatada pelo exército americano e levada ao local onde a nave extraterrestre “pousou” em solo norte americano, junto do matemático Ian (interpretado por Jeremy Renner). Eles devem desvendar a língua dos alienígenas – cuja raça os humanos chamam de heptapodes – para compreender qual o objetivo desses seres ao entrarem em contato com a Terra.

A Chegada é muito mais uma parábola sobre comunicação e como ela transforma o mundo e os próprios seres humanos do que um “filme de ET”. O longa tenta mostrar que a comunicação, através do aprendizado de uma nova língua, pode fazer com que as pessoas vejam o mundo de outra forma – e que para fazer isso, é preciso se colocar no lugar do outro.

Quando o grande plot twist do filme acontecesse, a decisão de colocar uma linguista em meio a vários militares fica ainda mais pertinente – não há exemplo melhor de duas formas distintas de enxergar o mundo do que esse. Quase sem querer, dado o momento em que foi lançado, A Chegada se mostra como um filme carregado de uma improvável carga política, ao demonstrar que é preciso antes ouvir o que o outro tem a dizer, em vez de cortar relações com o que percebemos como sendo diferente.

Independente de ter sido ignorada pela Academia durante as indicações ao Oscar, a atuação de Amy Adams é sólida e competente, carregando o filme nas costas. Sua personagem é a chave para o enigma do longa, e Adams cumpre com o papel de forma louvável. Também não há o que reclamar de A Chegada em termos técnicos: os alienígenas de Villeneuve e tudo que os envolve, inclusive sua forma de comunicação, são bem desenvolvidos e trabalhados. Assim como Louise, o espectador sai de A Chegada com uma nova visão de mundo.