12 Anos de Escravidão

Por Nicole Roth

Vencedor do Oscar de 2014, o longa metragem 12 Anos de Escravidão, fazendo jus à história que conta, é um filme visceral – tal qual os longas anteriores de Steve McQueen. Baseado no livro homônimo, 12 Anos é a história de Solomon Northup, um homem negro e livre, que mora em Nova York, nos Estados Unidos pré-Guerra Civil. No início de sua história, Solomon é sequestrado e vendido como um escravo para uma fazenda do Sul norte americano, deixando para trás mulher e filha.

Assim como em seus longas anteriores, Steve McQueen não hesita em mostrar o pior lado de todos os temas polêmicos que aborda. Aqui, não há suavização: a crueldade com que o ser humano é capaz de tratar outro homem é exposta sem rodeios – mais do que um conto sobre racismo e preconceitos, 12 Anos de Escravidão é um conto sobre ganância e os limites da crueldade humana. O elenco estelar é um dos pontos altos do longa, a começar pelo ator principal: na pele de Solomon Northup, Chiwetel Ejiofor passa ao espectador em detalhes todo o sofrimento que seus 12 anos como um escravo, um homem destituído da menor condição humana, traz ao personagem. Assim como a performance de Chiwetel Eijofor, a de Michael Fassbender também foi indicada ao Oscar. Fassbender é figura carimbada nos filmes de McQueen, e aqui ele mostra o motivo para isso: sua atuação como o sádico dono da fazenda em que Solomon e outros personagens são escravos é poderosa, perturbadora e, por vezes, simplesmente assustadora. McQueen mais uma vez conseguiu extrair de Fassbender uma atuação impecável – tal qual a de Lupita Nyong’o.

12 Anos ficou famoso pelas cenas de tortura e violência, que exibia em tela sem vergonha ou hesitação – seguindo a máxima de que, se o ser humano é capaz de exercer tamanha violência contra o seu semelhante, ele deve ser capaz de assistir a isso. 12 Anos ganhou o Oscar não só pela impecável técnica, escalação de atores e condução do filme, mas por representar o pior lado da humanidade, por ser um conto sobre a capacidade do ser humano de usar ao seu semelhante, para seus próprios meios, sem escrúpulos. Um filme para ser assistido e reassistido – se você tiver estômago.