007 – Operação Skyfall

Por Nicole Roth

Cenas iniciais que envolvem uma perseguição de carros de tirar o fôlego, uma sequência de créditos digna de Oscar e uma música tema – que incidentemente ganhou um Oscar – marcante. Como todo bom filme de James Bond, 007 – Skyfall tem todos esses elementos.

No vigésimo terceiro longa da franquia, o inimigo de James Bond é uma ameaça à inteligência britânica e à própria M, supervisora de Bond, além de testar a lealdade do espião por M. Com uma trama como essa, este é o filme que mais aprofunda a relação de James Bond com M. O equilíbrio perfeito entre cenas de ação, desenvolvimento de roteiro e personagens pode ser atribuído ao homem que segura as rédeas em Skyfall: Sam Mendes, que também é responsável pelo próximo Bond movie, “Spectre”, sabe dosar muito bem todos os elementos necessários para fazer a trama se desenrolar. E estão presentes as clássicas viradas de roteiro, assim como passagens pelos mais diversos países, indo do Marrocos à China.

Em sua terceira interpretação do agente secreto mais famoso do cinema, Daniel Craig mais uma vez entrega uma atuação – auxiliada em muito pelo Bond de início de carreira criado pelos roteiristas – diferenciada de seus antecessores. Em sua primeira atuação como o agente, Craig já surpreendeu o público ao sangrar e bater e apanhar, além de ser capaz de sentimentos verdadeiros por uma mulher. Neste Skyfall, temos um Bond que já está passando da idade para ser um agente de campo – é aí que começa a semelhança com a trilogia do Batman de Christopher Nolan.

Assim como o Bruce Wayne de Christian Bale em O Cavaleiro das Trevas Ressurge, aqui vemos um Bond que retorna, após um pequeno incidente, à ativa totalmente fora de forma – física e mentalmente. É uma condição que, assim como Christian Bale no terceiro filme da franquia do Homem-Morcego, o Bond de Craig ignora. Apesar da insistência do agente em continuar em serviço, o fantasma da idade assombra 007 durante todo o longa, que pode ser encarado como uma discussão primorosa sobre o envelhecimento. Mais, é uma discussão sobre como, frente à idade e às novas tecnologias, o ser humano (e, aqui também, o próprio serviço secreto britânico) vem se tornando obsoleto. Outra semelhança é que, como não poderia deixar de ser, o longa conta com um vilão digno de James Bond: Javier Bardem está monstruoso, figurativa e literalmente, como o ex-agente do MI6 que agora busca vingança contra M. Assim como o Coringa na trilogia de Nolan, Bardem funciona como um espelho invertido do nosso herói, representando aquilo que ele poderia ter sido, tão perto e ao mesmo tempo tão distante daquilo que Bond é.